I – No Castelo Do Mal
Drácula erguera-se do seu caixão.
Contemplava a noite escura e fria através da única e pequena janela da sua cela; Igor, o seu criado corcunda e desdentado, contemplava-o com a admiração com que os mortais adoram um deus. Drácula era o seu deus, era o que Igor mais admirava. Na verdade, Drácula também lhe enfiava uma carga de porrada de vez em quando, pelo que também podia ser medo.
A única luz na cela provinha da vela que Igor segurava:
- Igor, é esta noite.
- Ããh.
- Esta noite, Jessica será minha.
- Ãããhhh.
- É ela a escolhida, Igor. Será com ela que passarei a eternidade.
- Ãããh.
- Juntos aterrorizaremos esta terra e outras que existam, o Homem deixará de existir!
- Ãããh.
- Daremos à luz uma nova raça de imortais! Polvilharemos este mundo com a semente de Satanás, seremos reis e imperadores e a noite será eterna!
- Ãh.
- Preparaste o quarto, Igor?
- Ããh.
- Óptimo. Já lhe fizeste o caixão?
- Ããh.
- Não faz mal. Mas se não estiver acabado até hoje de madrugada, arranco-te esse dente inútil dessa boca podre com uma lambada, percebeste?
- Ããh.
- Ai, achas que não?
- Ããh.
- Pois, bem me quis parecer…
- Ããh.
- Ainda bem. E aproveita também para limpar o pó. Até já, não me demoro.
Drácula saiu a voar do seu castelo em direcção à aldeia. Igor observava-o de uma ameia, até o ver desaparecer na noite:
- Foda-se, nunca mais se ia embora! Sempre com o mesmo ronhónhó, o filho da puta…
E entrou no castelo a falar sozinho, em direcção às suas obrigações.
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